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“Saiba gerenciar seu acervo com olhos de cuidado”


Iandra Marcela Honorato Fernandes
Esta é uma grande preocupação de Iandra Marcela Honorato Fernandes, graduanda em Ciências da Informação e Documentação na USP Ribeirão Preto, atualmente no último ano. Iandra prepara seu TCC sobre Conservação e Preservação de acervo e também faz iniciação científica sobre o  tema. 





Na pesquisa de referências bibliográficas, Iandra incluiu a FESPSP no seu roteiro para ter acesso a material mais específico sobre o assunto. Conversando com a MC sobre o desenvolvimento de um tema tão fascinante para tantos alunos, destacou a importância da conservação na rotina diária das unidades de informação:

Paixão pelos livros

“Na verdade, minha paixão sempre foram os livros. Desde pequena eu sempre gostei de coisas minuciosas, manuais, de mexer com coisas muito delicadas. Sempre foi a minha paixão. Então eu só juntei o útil ao agradável: a paixão pelos livros e a vontade de conservá-los.”

Como eles faziam isso?

“As coisas antigas sempre me chamaram a atenção. Como eles faziam. A forma manual como faziam antigamente. Ao contrário de hoje, que a gente olha e é tudo muito fácil. Mas imagina antigamente, copiar cada livro à mão e depois costurar. E antes de tudo isso, preparar o coro, pois era pergaminho. Tinha que preparar para poder escrever. E eu fico pensando nos incunábulos, aquelas iluminuras fantásticas, em que um escrevia e o outro fazia as iluminuras.”

Físico x digital

“Hoje as pessoas pensam muito no digital. Eu sempre vou em muitas palestras e sempre ouço “daqui a alguns anos não vão mais existir livros”. Mas a nossa história começou a ser registrada nos livros e nem tudo que a gente sabe da nossa história está disponível em meio digital. Então, se a gente não conservar o que a gente tem escrito no papel, pode ser que metade, ou a maior parte dela, vá se perder e não vai ter como recuperar.”

Tema para o TCC

“Quando eu entrei no curso de Ciências da Informação e Documentação, a minha maior vontade era fazer um TCC sobre livros raros, mas aí eu tive uma dificuldade, por que na minha faculdade eu não tenho nenhum professor que seja especialista nessa área, que entenda sobre conservação e preservação de acervo”, conta. A solução que Iandra encontrou foi recortar o tema sobre conservação de acervo com foco na importância do bibliotecário dentro desse contexto e o porquê de os cursos de Biblioteconomia não oferecerem disciplinas na área de conservação e preservação. Quem lhe fez essa proposta foi a professora Márcia Regina da Silva, com doutorado em educação pela UFSCAR, para conciliar os interesses de Iandra e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, onde a aluna estuda.

Viagem para pesquisar e estudar

Em determinado momento de sua pesquisa, Iandra considerou que seria mais produtivo vir à São Paulo para encontrar material relevante para suas referências bibliográficas: “Em Ribeirão eu não encontro literatura e nem curso nessa área. Aqui eu participei do 1º Simpósio Inovação, Desenvolvimento e Tecnologia na Preservação de Acervos ABER/SENAI, que foi realizado no dia 9 e 10 de outubro. Vim para a FESPSP, que como é a única faculdade que tem a disciplina sobre conservação e preservação, eu imaginei que aqui teria alguma literatura que pudesse me ajudar a complementar minha pesquisa para o meu TCC. E também pesquisei na biblioteca Mário de Andrade”, explicou.

FESPSP  como referência
Iandra incluiu a FESPSP em sua pesquisa

“Eu falo bastante da FESPSP no meu TCC. Tem um capítulo dedicado a ela. No Estado de São Paulo, dentro das principais universidades que oferecem o curso de Biblioteconomia, somente a FESPSP oferece esta disciplina como obrigatória, o que acho muito legal, pois isso mostra que ela se preocupa em formar um profissional que não só saiba catalogar e disseminar informação, mas também saiba gerenciar seu acervo com olhos de cuidado, pois ninguém melhor para identificar o problema de um acervo do que o bibliotecário”, afirma Iandra.

Conservação e preservação no dia-a-dia

“A meu ver, temos que quebrar esse paradigma de que conservação e restauro é somente para livro antigo ou livro raro. Preservação e conservação tem que estar presente no seu dia-a-dia. Se você não cuida da sua obra hoje, ela não vai durar. Não temos que ter cuidado só com o livro raro. Temos que ver o acervo como um todo.
E também não podemos esquecer de nós mesmo. Você tem, sim. que se prevenir e utilizar EPI’s para manusear o acervo. Tem uma norma, a NR6, que regulamenta a utilização de luvas, óculos, máscara e etc., pois existem várias bactérias e fungos que podem estar presentes no acervo, e você pode se contaminar pela unha, pelo cabelo e respirando. Tem que cuidar da sua saúde. A utilização de EPI’s é obrigatória.

Futuro

“Pretendo fazer um mestrado mais para frente, mas o principal é, após a faculdade, fazer uma especialização em restauro e me aprofundar mais nesse assunto,  conservação e a preservação são a base para a manutenção de um acervo,  restauro já é um estudo um pouco mais complexo,” planeja Iandra. Se depender de seu talento para a área, sua carreira será muito promissora. Convidada para dar um minicurso em outubro dentro da 10ª Semana de Estudos em Ciências da Informação e Documentação da USP de Ribeirão Preto, que aconteceu de 14 a 18 de outubro, Iandra planejou até a mensuração do feedback: “Com o título “Bases para a Preservação e Conservação de Acervo”, tentei abordar as conceitos e diferenças entre conservação, preservação e restauro. Os fatores de deterioração dos acervos e falei sobre higienização e como ela deve ser feita. Tentei trazer o tema para o dia a dia dos alunos. No final apliquei um questionário com as seguintes perguntas:

1 Você gostaria de se aprofundar nesse assunto?
(  )SIM                        (  )NÃO

2 Na sua opinião os cursos de Ciências da Informação e Biblioteconomia deveriam ter disciplinas na área de Conservação e Preservação de acervos?
(  )SIM                        (  )NÃO

3 Você acredita que poderá aplicar o conhecimento adquirido no minicurso na sua prática profissional ?
(  )SIM                        (  )NÃO

4 O que você achou do minicurso?

 Iandra colheu resultados muitos bons em sua estreia: “O minicurso teve a participação de 20 alunos e todos responderem sim para todas as perguntas e o que acharam do minicurso. Tivemos somente respostas positivas”, festeja a futura especialista.


Confira as referências que a Iandra utilizou  para elaboração do seu TCC sobre conservação de acervo:

BECK, Ingrid. Manual de conservação de documentos. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1985. 34p.

CALDEIRA, Cleide Cristina. Conservação preventiva em bibliotecas públicas da cidade de São Paulo: estudo de campo. São Paulo, 2004. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo.

CASSARES, Norma Cianflone. Como Fazer Conservação Preventiva em Arquivos e Bibliotecas. São Paulo: Arquivo do Estado e Imprensa Oficial, 2000. 80 p. Disponível em: . Acesso em: 24 out. 2013.

LUCCAS, L.; SERIPIERRI, D. Conservar para não restaurar. Brasília: Thesaurus, 1995.


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