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Coluna Música e Livros por Bruno Carvalho

Música e Livros é uma coluna escrita por Bruno Carvalho, ex-aluno de Biblioteconomia da FESPSP, que fala a respeito de bandas e o que elas leem, mostrando que música e livros podem ter tudo a ver!
Este mês Bruno entrevista Gutje que foi baterista da banda Plebe Rude, na década de 1980.

Banda de rock formada em 1981 em Brasília por: Phillipe Seabra, guitarra e vocais ; Jander Ribeiro, guitarra e vocais; André Mueller ( André X) , baixo; Gultje ; bateria. Começou se destacando no meio punk-rock por volta de 1982, em uma época em que a efervescência roqueira da capital federal era grande. Atualmente tem uma nova formação: Philippe Seabra, nos vocais e na guitarra, Clemente Nascimento, dos Inocentes, também nas vocais e na guitarra, André Mueller (André X), no baixo e nos vocais, e Marcelo Capucci na bateria. 

Bruno de Carvalho (B.C.): Na sua opinião, o Renato Russo influenciou a Turma da Colina na leitura dos livros? Ele indicava livros para leitura?

Gutje: O Renato era um leitor assíduo, sempre estava com um livro na mão. Indicava quando achava interessante, mas o que mais influenciava era sua atitude, quando era perguntado sobre sua leitura, ai sim comentava e por ventura indicava o livro. Nas rodas de fogueira na colina, as famosas pernoitadas, o que nos acompanhava era a música dos gravadores cassete, livros, revistas um bom violão e um garrafão de vinho.

B.C.: Ele te indicou algum livro para ler?

Gutje: Sim. Quando eu tinha 17 anos li dois livros por influencia dele:
  • Hammer of the gods de Stephen Davis, basicamente a história dos integrantes e da banda led zepplin. Recentemente o autor lançou “LZ-’75: the lost chronicles of Led Zeppelin’s 1975 american tour”. apesar de pessoalmente eu não gostar de Led Zepplin, vale a pena ler;
  • 1984 do George Orwell.

B.C.: O que você lia na adolescência em Brasília na década de 80?

Gutje: Fritjof Capra, Milan Kundera, John Lock, Bacon, Jack Kerouac, Allen Ginsberg, etc…

B.C.: Fale sobre a leitura e a influência nas músicas da Plebe Rude.

Gutje: A Plebe Rude era uma banda formada por 4 integrantes de personalidades diferentes. Música, livros, arte, tudo influenciava no modo de agir pensar. O próprio nome da banda teve influencia do escritor Stanilslaw Ponte Preta. Ele usava o termo "plebe" em suas crônicas de jornal. Daí para Plebe Rude, foi só uma questão de ligar os pontos. Nos anos 80 a informação era curta, não chegava com a facilidade de hoje, livros bons eram censurados, discos importados impossível... isto instigou a pesquisa, a criatividade e por fim, a originalidade.

B.C.: Como era a sua convivência com a Turma da Colina? Pessoal das bandas (Plebe, Legião e Capital Inicial)?

Gutje: A minha convivência era 100% pois morava na colina e toquei na Blitz 64 e posteriormente na Plebe, antes da existência da Plebe, Legião e Capital a Blitz 64 foi contemporânea do Aborto Elétrico, foi o início de tudo, éramos todos amigos de turma, saíamos a noite, conversávamos muito sobre política, tendencias musicais.
O Dinho e o Dado moravam na Asa Sul e não frequentavam muito a Colina, tinham o apelido de "os figurantes", pois apareciam de vez em quando nos shows e nas festas.
Eram basicamente de outra turma, a convivência passou a ser mais constante e passaram a ir na colina, daí surgiu o Capital. Neste momento a amizade foi aumentando naturalmente.
Como disse antes, dividíamos todos o mesmo estúdio, portanto ficamos cada vez mais amigos.a minha convivência com o renato era bem maior, pois ele sim frequentava a colina bem antes do Dinho, fazíamos as pernoitadas, acampávamos, eu frequentava a casa dele para ouvir discos, íamos as mesmas festas, o estúdio, liamos vários livros em comum e conversávamos muito,um livro marcante que lemos juntos na época foi o "Hammer of the gods" que contava a história da banda Led-Zeppelin, que aliás, eu nunca gostei. mas gostar do som é uma coisa e informação/história é outra. A amizade era tão forte que dirigi um filme (o único que o Renato fez na vida) chamado "A ascensão e queda de quatro rudes plebeus”, neste filme o Renato era o "Manfredo procurador de talentos" ou seja, foi candidato e se tornou o empresário da Plebe, o filme foi premiado no IV Festival de Cinema Super-Oito de Brasília, as filmagens eram divertidíssimas, com produção de cenário, figurino e até "efeitos especiais”, depois gravamos a trilha musical ao vivo no estúdio adicionando um canal adicional com uma narração do Renato em terceira pessoa; o filme era originalmente um média metragem com 40min., hoje fiz uma reedição e tem 25min.


B.C.: Frequentou os ensaios do Aborto elétrico ou Capital Inicial?
Gutje:  Como eramos todos amigos, o que acontecia era que uns iam assistir ao ensaio do outro, antes do Dinho começar a cantar no Capital ele teve uma banda comigo, tocávamos covers do Clash, B-52, etc, já com a Plebe, Capital e Legião formadas, tínhamos um estúdio comunitário, portanto sempre tinha alguém de outra banda presente no ensaio.

*Carlos Augusto Woortman (Gutje) foi baterista das bandas: Plebe Rude e Blitz 64.

Plebe Rude nos anos 80: Philippe Seabra, André  Mueller,  Gutje   e Jander.

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