E nesta
semana teremos a reedição da Série: O livro da minha vida lançada em 2012 em
que um aluno/professor apresenta o livro que marcou sua vida, comenta um pouco
sobre o enredo e o porquê este livro ficou marcado para ele.
Esta
é uma das publicações que iremos restaurar na MC este ano, afinal, como diz
aquela frase clichê, mas muito verdadeira: “Recordar é viver”, e com um
repositório bem significativo que a MC possui, muito pode ser recuperado.
Se
você quiser participar dessa série ou tem sugestões, escreva para a Monitoria
Científica em monitorcientificofabci@gmail.com
Fiquem
com o primeiro relato feito pelo aluno Gilberto Bazarello Caires do 5º semestre/noturno.
Diria
que tenho alguns livros da minha vida os quais falaram muito comigo não apenas
pelo enredo, personagens, histórias, mas também pelo momento por qual eu
atravessava. Livro pra mim tem muito disso: as circunstâncias em que você lê
potencializa o “recado” que as páginas lhe trazem, construindo muitos
significados.
Assim,
destaco um que li no último ano da faculdade de comunicação (2010) que,
diga-se, foi um período de perda de ente querido e assomado a isso os inúmeros
trabalhos que eu precisaria concluir até o final daquele ano. O premiado “A
vida que ninguém vê” (Jabuti de 2007), da escritora gaúcha Eliane Brum foi uma
obra que me ensinou a enxergar aquilo que o cotidiano, a correria desenfreada,
haviam roubado de mim.
Durante
um tempo a escritora percorreu, como repórter do jornal Zero Hora, de Porto
Alegre, as ruas da capital gaúcha, a fim de reportar o cotidiano de pessoas que
não viravam notícias, longe de holofotes, distantes do interesse jornalístico,
invisíveis, até. A princípio a ideia era escrever pequenas histórias em formato
de matéria para o jornal. O sucesso dos textos foi enorme e a escritora
resolveu transformar as histórias em um livro! Nascera aí uma obra tocante, profunda,
resultado de uma escrita sensível, cuja única preocupação da autora era lançar
luz à penumbra diária de personagens do cotidiano. O livro lhe apresentará um
mendigo que nunca pediu coisa alguma; um carregador de malas do aeroporto que
nunca voou; um macaco que ao fugir da jaula foi ao bar beber uma cerveja; um
doce velhinho dos comerciais que é também uma vítima do holocausto e também um
homem que, para ganhar dinheiro, se exibia comendo vidros, mas só se machucava
com a invisibilidade.
Há,
ainda, histórias como a comovente “Enterro de pobre”, cujo sepultamento de um
recém-nascido foi testemunhado apenas e tão somente pelo pai que, caminhando
triste e vagarosamente e abraçado ao diminuto caixão branco, era seguido pela
mãe, enlutada pela perda que os assolava naquele momento.
Histórias
assim (nem todas no livro têm esse viés triste), me revigorava, ao passo que me
fazia refletir sobre quão importante é ser bom comunicador, mas sobretudo, ser
um bom observador do mundo que nos cerca. Em tempos de tescnofascinação e
pós-verdade, eis um livro compromissado com os fatos, mas acima de tudo,
compromissado com o humano! Indico horrores!
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